Somos Energia

Somos energia, matéria,

você e eu.

Não há nada na morte que nos mate.

Ela nos guia,

nos dá outro porte.

Faz-nos energia,

a ser carregada pelos ventos do sul e do norte.

Somos filhos e pais eternos,

pois carregamos a antiga semente,

que se renova,

a revelia de toda prova que se julga material,

de toda burocracia desse antiquado sentido do real.

Renascemos.

Afeiçoei-me a ela, a morte,

talvez porque em sua natureza,

carregue todo o sentido do imprevisível,

enquanto em vida,

observo a beleza de cada ser,

que supunha ser indivisível,

perder força e aliar-se ao normal.

NINGUÉM É NORMAL.

Logo, perdi o medo da maldita.

Assombro-me com outras formas,

com o consensual do homem que acorda cedo

e carrega sua pastinha pra mais um dia de bosta.

É esse mesmo coitado, que olha pra cima a procura de resposta

e não se admira com a grandeza.

Madrugar,

bater ponto,

e sentar em sua mesa,

é disso que o povo gosta.

É a criança andando sempre em círculo,

sem ao menos brincar de roda.

Ele é a moda.

É ridículo.

Marionete perfeita, de mente impenetrável.

A verdade dita é a verdade aceita

e inquestionável.

Como paciente a espera de um fim.

Essa é a seita dos clientes em coma,

apresentando quadro estável.

Nada se altera.

No silencio o hipotético som da espera,

para sempre e desde sempre.

Morte.

Sentido de letargia.

E eu a espera de alguma magia,

que faça com que a massa acorde.

Então estarei no dia,

misturado em todo sorriso de alegria,

em toda melodia, em todo acorde de felicidade.

Na poeira do velho mundo,

no estandarte do vagabundo celebrando a liberdade.

Vida é vida, além da palavra,

o que significa, só existe, se você se identifica,

não importa em que tempo. Você sente.

Não importa o plano, nem o ano.

O maior engano é acreditar que a morte

traz o ausente.

Conceba esta idéia torta,

pois a tudo mais abrange o caminho da mente,

e é você sozinho quem tem que atravessar esta porta.