O conselheiro de Machadinho D'Oeste

“Eu não acredito em nada

Mas adoro dar conselhos”

(Ingmar Bergman: O sétimo selo)

Sexta-feira, setembro de dois mil e doze, clima seco, chuva negra

Caindo lenta, queimada perto, sinto o cheiro dela... Primavera árida

Cerveja fria no balde de gelo, o Sétimo Selo¹ vai passar...

... Outra vez, em minha casa, seleciono a cena, as legendas

Entre fendas, vejo o céu; vejo a lua que quase brilha

Para mim, opaca, chama, quer a atenção de quem olha

Olha e vê estrelas, as conta, dando satisfação a lua

Te conto... O caso Morel²

Agora, não me resta mais nada, a não ser...

... Apertar o play, esquecer o céu

E sorrir, engolindo cerveja, saliva, medos e besteiras

Nessa semana vi meu filho mexer, ultrassom na quarta-feira

Preto e branco, escalas de cinza, vi a definição dos seus traços

Em formação; na tela um longa em P&B, outra definição

É Ingmar Bergman em minha televisão

Tão moderna, filme antigo, presente de amigo

No carimbo do envelope, Machadinho D'Oeste RO

Dia vinte e um de agosto; dentro dele, fotos de noventa e nove

Sou um cara de sorte, tenho amigos nessa vida...

... Pela manhã, Arcade Fire nos ouvidos brilha e me convida

A uma limonada, ao cheiro do café; a “Modern Man³” antes da partida

¹O Sétimo Selo (1956), filme de Ingmar Bergman

²O caso Morel (1973), romance de Rubem Fonseca

³Modern Man (2010), canção do Arcade Fire

*A Luciano Douglas Ribeiro

Irmão e companheiro de longa data nesse planeta empoeirado.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 15/09/2012
Reeditado em 15/09/2012
Código do texto: T3883045
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