Pelas estradas da vida.

Ao caminhar pelas estradas da minha vida, fui perdendo pedaços de chão. Isso tem acontecido desde que aqui cheguei, e até agora continuo a perder. O primeiro e mais saudoso foi aquele onde estava a casa onde eu nasci.  Ela era simples, daquelas bem singelas e, onde foi construída, eu aprendi a andar. Não demorou muito, deixei para trás vários pedaços de chão onde estavam as minhas escolas queridas. Quantos jardins onde eu passeava, viraram edifícios e agora são estacionamentos. Outros locais deram lugar a empresas onde eu passava horas a trabalhar, e para um edifício onde aluguei um apartamento que me abrigava à noite e em fins de semana. Com bom dinheiro consegui comprar um grande pedaço de terra, construí a chácara de meu sonho! Nele se ressaltavam a casa branca com janelas pintadas de azul escuro em estilo colonial, gramados, jardins e várias árvores frutíferas que acolhiam muitos pássaros. Um dia, fiquei sabendo que o terreno era grilado, perdi tudo. Mas, tudo passa e passa, como se fosse um filme de história real. Segui a caminhar por outras estradas, e caminhei e caminho até então. Preciso agora encontrar outro simples pedaço de chão. Nele desenharei uma "amarelinha" com giz branco, igual àquela em que, muito alegre, eu brincava quando criança. Assim, bem devagar, eu poderei continuar a pular neste pedaço de vida, casa por casa, até cair na casa no Céu!
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 13/09/2012
Reeditado em 23/01/2017
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