Démodé

Qualquer dor que sufoca

acaba virando grito fora de hora.

Ele ecoa intempestivo,

incompreensível.

Ele vaga solitário

entre buzinas,

roncos e

gargalhadas.

E então ele se cala.

Percebe sua existência vazia,

seu despropósito.

Tudo culpa do tempo.

Se não fosse sufocado

ele seria legítimo,

todos o entenderiam

e iriam ao seu encontro.

Ele teria tido um objetivo de ser:

chamar o socorro,

mostrar o perigo,

revelar a dor.

Mas agora o passear dos ponteiros

roubaram-lhe o sentido.

Se a dor ainda existe não importa.

Ele está fora de contexto.

É apenas mais uma loucura

a aturdir os transeuntes

ou como tudo que é guardado tempo demais

ele acabou se tornando apenas

démodé.

Bárbara A Sanco
Enviado por Bárbara A Sanco em 11/09/2012
Código do texto: T3875800
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