Segredos de uma apatia visceral.

Costumávamos ser tão próximos, tão íntimos, tão opostos e dispostos e ao mesmo tempo tão iguais e preguiçosos que éramos um só.

Os opostos se atraem e logo se distraem. Os iguais se repulsam e logo se aproximam.

Somos opostos, somos iguais, somos estranhos.

Fomos opostos, fomos iguais, hoje somos apenas dois estranhos com o hábito de conversar todos os dias sobre coisas que se quer existem ou existiram.

Somos dois pontos interligados por uma linha circular que continua movendo-se por aí sem nosso consentimento, perdido em um espaço de tempo infinito.

Uma amizade dissimulada, uma tolerância fingida, uma necessidade recíproca e incompreendida de convivência entre si.

Um amor profilático e procrastinado que deseja manter distância desviando-se da reprodução do sofrimento absorto.

Mas que sofrimento?

Sofrimento foi somente o receio ávido por dor, que nos tornou hoje em dois ignorantes transtornados e receosos de tudo.

Somos singulares.

Somos plurais.

Somos diminutivos e somos aumentativos.

Somos dois passageiros lacônicos do trem desequilibrado e sem motorista que é a relação prolixa entre os seres humanos, o amor e o ódio.

Somos dois desconhecidos assíduos à procura incessante de deterioração do nosso amor como solução para tudo em nossas vidas.

Somos dois amantes remotos à procura incessante de deterioração de nossas vidas como solução para todo o nosso amor.

Valentina Castillos
Enviado por Valentina Castillos em 10/09/2012
Código do texto: T3875314
Classificação de conteúdo: seguro