Ladrão de Sonhos
De todos os dizeres o que mais dói é sempre o fim deles, pois fica entre duas almas um vácuo mudo. Sem vida e sem paixão. Como esquecer tudo?
Talvez não tenha como esquecer. Talvez eu só não queira esquecer, pois esquecer tudo é também esquecer o Amor desperto em olhos negros e profundos.
Mas também já não há saudade, nem há mais paz e tranquilidade dentro de mim.
E fica jogado de canto o desejo de se firmar ao lado de alguém, fica clavada na alma a falta de vontade de amar novamente.
Eu que me pergunto se ainda sei amar, choro em um canto vazio em meu coração buscando cicatrizar novo e velho corte feito e desfeito por pessoas diferentes, estranho uns constroem, outros destroem...
E eu fico a jogar fora textos velhos que já não me cabem mais, e junto ao fogo que ateio, fica também o cheiro de amor abandonado, nas hastes de um navio pirata, que só roubou meus sonhos e depois me jogou ao mar.
Oh! Mar caudaloso e obscuro de ilusões serenas e mortais, que me empurra como uma onda a beira da praia sem pressa, para terminar meu último sonho, antes mesmo que eu possa acordar, enquanto leva consigo meu último sonho bom, arrancando com delicadeza voraz minha melhor lembra e transformando em uma estranha ilusão sagaz.