(Foto:- As flores do "manacá da serra".)
FUGIU DE MIM
Entraste na minha vida por mínima e gentil resposta e aquele contato impressionou-me e supus poderias ser "poema vivo".
Mas foi em outro episódio, quando te descreveste em local simples (em cujos idênticos gosto de me sentir feliz) que meu coração arregalou os olhos da alma e me fez assídua em tua história.
Não te conheço, nem os locais onde te descreves, mas é naquele simples que te imagino quando rezo meus monólogos permitidos pelo teu todo, já imageticamente captado pelos meus sentidos hipoteticamente em comunhão com os teus.
É ali que, encorajada por relatos vários sobre damas e meninas, em pensamentos eu me imiscuo e me derramo em ti.
Às vezes te transformas e foges e me desfaço em queixumes, mas noutras acabo voltando e me fazendo invisível para que não fujas nem me expulses e me detenho, imóvel, muda, em contemplação e devaneios.
E nem me sentes.
Como tudo isto ERA completo, perfeito e puro...
Era sim.
Foste tu que escolheste o tempo do verbo...
Entendi e respeito.
Mas para mim aquele tempo rendeu algo lindo ao presente: lembro, leio, identifico.
Por exemplo:
FUGIU DE MIM
Entraste na minha vida por mínima e gentil resposta e aquele contato impressionou-me e supus poderias ser "poema vivo".
Mas foi em outro episódio, quando te descreveste em local simples (em cujos idênticos gosto de me sentir feliz) que meu coração arregalou os olhos da alma e me fez assídua em tua história.
Não te conheço, nem os locais onde te descreves, mas é naquele simples que te imagino quando rezo meus monólogos permitidos pelo teu todo, já imageticamente captado pelos meus sentidos hipoteticamente em comunhão com os teus.
É ali que, encorajada por relatos vários sobre damas e meninas, em pensamentos eu me imiscuo e me derramo em ti.
Às vezes te transformas e foges e me desfaço em queixumes, mas noutras acabo voltando e me fazendo invisível para que não fujas nem me expulses e me detenho, imóvel, muda, em contemplação e devaneios.
E nem me sentes.
Como tudo isto ERA completo, perfeito e puro...
Era sim.
Foste tu que escolheste o tempo do verbo...
Entendi e respeito.
Mas para mim aquele tempo rendeu algo lindo ao presente: lembro, leio, identifico.
Por exemplo:
Ele seria
Poema vivo,
Rico e altivo.
É que não quis,
Fugiu de mim,
E meu poema
Deixou assim...
O meu poema perdeu as rimas,
Perdeu em rítmo, perdeu em métrica,
Tornou-se triste, risco de limas,
Poesia seca, opaca e tétrica.
Claro que era, se fez escuro.
Furtado o amor, a beleza, a luz.
Puro que era, se fez impuro.
Recado agudo! Nada seduz.
Partiu do encanto pro desencanto,
Correu no barro fazendo lama,
Do amor pensando não mais que trama.
Encheu-me a alma de desalento,
De melodias, podou-me o canto.
Assim a vida, algum espanto?
"DE UM POEMA QUE NÃO VIVEU" é o título do poema transcrito acima, e é de autoria de ARTHUR PEREIRA E OLIVEIRA, médico, professor e poeta catarinense. Foi publicado no livro CANTOS E DESENCANTOS, em 1992, pela editora da Universidade Federal de Santa Catarina.
(Foto:- Da linda flor exposta acima, aqui mostro o botão, que quando começa a desabrochar se parece muito com um catavento.)