RUAS

Hoje tenho experimentado

a dor de sentir ausências.

Precisei ter quem ao menos me ouvisse,

mesmo eu não tendo nada a falar.

Meu coração ecoava igual sala vazia:

e este é o meu maior tormento

de arrastar correntes.

Expectativas cresceram em mim

como mandíbulas de lobos

que tudo rasgam

e dilaceraram meu peito quando,

da janela arranhada,

divisava a rua escura;

a rua e seus fantasmas;

a rua e seus terrores;

a rua e meus medos.

Me senti rua!

Rua sem brilho, sem uso,

sem barulho e sem zelo.

Me senti rua povoada de mistérios.

Se há rua, há viajores;

Se há rua, há passantes...

Porém, passar não é o mesmo

que permanecer.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 08/09/2012
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