Devaneio intrínseco de minhas verdades absolutas
Trancado na prisão de espelho quebrado, dos meus sonhos despedaçados, desvairo em delírio desesperado, caminhando de quarto em quadro, procurando pedaços do passado que se encaixem nos meus desejos envenenados.
Vagueio, desencantado, pelos jardins mortos e inertes, de galhos secos e troncos ocos, com meus passos desenfreados.
Não tenho certeza se perdi ou se nunca de fato possuí; aquilo que como fumaça cinza desvanece no céu descorado de outrora, aquele quem agora me ignora.
O buraco do espelho pode estar fechado, mas o do peito continua aberto, em carne viva, escarlate. Carne viva, atrás da pele.
Vagueio, desvairo e esqueço, com meus passos errantes de cavaleiro desarmado; cavaleiro dem cavalo, cavaleiro desalmado.
Ainda procuro em brilhos de oiro meu objeto de desejo, que nem sequer a forma conheço, sem mesmo lembrar o que persigo direito.
Persisto tateando na escuridão do peito, sozinho, comigo mesmo, machucando os dedos nos meus próprios cacos, a eles sujeito.