ALMA E PELE FERIDAS
Joana tem 32 anos, é mãe de 4 filhos, um já é maior de idade. Desempregada, trabalha fazendo faxina quando algumas amigas precisam de seus serviços. Sim, as amigas, porque em cidade pequena as pessoas parecem ser todas famílias umas das outras. O marido de Joana tem 36 anos, é autônomo, trabalha em uma oficina no fundo do quintal. Até aí uma história absolutamente "normal." O que não é "normal" foi o fato que aconteceu há exatamente uma semana. A personagem de quem falo, foi vítima de violência doméstica. Seu esposo, possuído por um ciúme incontrolável começou xingar a mulher, com palavras "ofensivas" e logo partiu para agredi-la sem nenhuma chance de defesa. Eram 23:00h. O espancamento se estendeu até as 02:00h da manhã.. A vítima sequer pode gritar pelos filhos para que lhe defendessem das mãos do agressor. Segundo as palavras (que ouvi) da mesma, quando ela tentava gritar, o marido agressor amordaçava sua boca. Joana foi jogada várias vezes contra o muro da residência, durante o tempo que durou o espancamento. Ele aproveitou, justamente o momento em que a família e os vizinhos já haviam se recolhido. A vítima sofreu fraturas em três costelas, em uma perna e nos dois braços, além de ficar com o rosto bastante machucado, semelhante a imagem que copiei da net, porque ela não quis ser fotografada. Dentro de alguns dias, terá que realizar uma cirurgia na perna, devido a fratura exposta. Jamais imaginei que sairia para visitar alguém nessas circunstâncias. Levada por uma amiga para o Hospital, Joana não retornou mais para sua residência. Ela encontra-se em um pequeno cômodo na casa de uma amiga. Nesse dia, eu jamais imaginei que minha visita tivesse outra finalidade diferente das visitas que realizo diariamente, para conquistar o voto das pessoas. Nossa cidade é bastante tranquila, tem índices de violência "zero." Entretanto, a Violência contra a Mulher, a Violência intra familiar possui endereços em "quase" todos os lugares do mundo. Esse tipo de "crime" não escolhe classe social nem nacionalidade. Fiquei triste, confesso, porque o agressor vai permanecer impune. A vítima optou por não denunciá-lo. Sabemos que nem todos os casos que são denunciados são punidos como deveriam. Mais grave ainda é não denunciar, significa uma carta branca para que outras barbáries aconteçam. Fiquei muito triste. Sensibilizada pela humilhação, pela dor na alma que Joana está sentindo e conduzirá, certamente pelo resto da vida. Além da vergonha diante dos filhos e demais pessoas. "Minha" personagem é somente uma a mais que não será contada nas estatísticas desse tipo de violência, em nosso país.
Texto real, apenas o nome é fictício.
Imagem da net.
Isis Dumont
Joana tem 32 anos, é mãe de 4 filhos, um já é maior de idade. Desempregada, trabalha fazendo faxina quando algumas amigas precisam de seus serviços. Sim, as amigas, porque em cidade pequena as pessoas parecem ser todas famílias umas das outras. O marido de Joana tem 36 anos, é autônomo, trabalha em uma oficina no fundo do quintal. Até aí uma história absolutamente "normal." O que não é "normal" foi o fato que aconteceu há exatamente uma semana. A personagem de quem falo, foi vítima de violência doméstica. Seu esposo, possuído por um ciúme incontrolável começou xingar a mulher, com palavras "ofensivas" e logo partiu para agredi-la sem nenhuma chance de defesa. Eram 23:00h. O espancamento se estendeu até as 02:00h da manhã.. A vítima sequer pode gritar pelos filhos para que lhe defendessem das mãos do agressor. Segundo as palavras (que ouvi) da mesma, quando ela tentava gritar, o marido agressor amordaçava sua boca. Joana foi jogada várias vezes contra o muro da residência, durante o tempo que durou o espancamento. Ele aproveitou, justamente o momento em que a família e os vizinhos já haviam se recolhido. A vítima sofreu fraturas em três costelas, em uma perna e nos dois braços, além de ficar com o rosto bastante machucado, semelhante a imagem que copiei da net, porque ela não quis ser fotografada. Dentro de alguns dias, terá que realizar uma cirurgia na perna, devido a fratura exposta. Jamais imaginei que sairia para visitar alguém nessas circunstâncias. Levada por uma amiga para o Hospital, Joana não retornou mais para sua residência. Ela encontra-se em um pequeno cômodo na casa de uma amiga. Nesse dia, eu jamais imaginei que minha visita tivesse outra finalidade diferente das visitas que realizo diariamente, para conquistar o voto das pessoas. Nossa cidade é bastante tranquila, tem índices de violência "zero." Entretanto, a Violência contra a Mulher, a Violência intra familiar possui endereços em "quase" todos os lugares do mundo. Esse tipo de "crime" não escolhe classe social nem nacionalidade. Fiquei triste, confesso, porque o agressor vai permanecer impune. A vítima optou por não denunciá-lo. Sabemos que nem todos os casos que são denunciados são punidos como deveriam. Mais grave ainda é não denunciar, significa uma carta branca para que outras barbáries aconteçam. Fiquei muito triste. Sensibilizada pela humilhação, pela dor na alma que Joana está sentindo e conduzirá, certamente pelo resto da vida. Além da vergonha diante dos filhos e demais pessoas. "Minha" personagem é somente uma a mais que não será contada nas estatísticas desse tipo de violência, em nosso país.
Texto real, apenas o nome é fictício.
Imagem da net.
Isis Dumont