Submarino

Estava esperando uma mensagem sua, uma assinatura de despedida, um último beijo afogado em mágoa ou, quem sabe se tiver sorte, uma imagem alternativa. Que se alterna em maré baixa e cheia, desemboque nessas ondas salgadas das nossas vidas. Nesse tempo gasto e desalinhado eu inspirei ar intoxicante e inalei suas histórias pulsantes quando não avistei mais nenhuma outra ilha. "Falta-te um porto seguro, um farol reluzente que te mostre o caminho que estas águas percorrem...e tudo bem que seja só você mesma, as ondas não levam e a tempestade não carrega; é você que se prende na rede que atirou aos peixes tão cedo", diz-me o marujo que segue remando. Eu não sei nadar e ninguém mordeu a isca das minhas desilusões. Não achava que haveria barco para me tirar desse naufrágio repentino na costa leste dos meus desalentos; ainda não acredito que o sinal de fumaça fez guiar-te para outros mares e tão distante da nascente. À minha foz em delta tão metafórica devo o mérito de minhas esperanças...mas já guarda-te alguma lembrança do que um dia foi fluido e límpido na conversão de fim de curso. Fiquei maltratando meus pensamentos por um bom tempo dentro desse submarino submerso na água. Naveguei as 6 milhas de profundidade oceânica, procurei voltar à superfície, me agarrei a correntes marítimas frias e quentes, mas nada me impediu de afundar-me cada vez mais nas minhas escolhas erradas e engolí-las. Minhas tentativas nadaram, nadaram e nadaram e ficaram encalhadas na praia, sem nenhum sinal de qualquer salva-vidas. Neste engodo, resgataria-me se fosse piromaníaca e preferisse ao fogo do que entregar-me ao mar de dúvidas e boiar incessante na contrarota navegueira. Resta comprar-me uma máquina de datilografia e esperar que me escrevas novamente, nem que mande por telepatia ou que chegue uma carta enterrada na areia dessa praia inabitada a qual padeço embebida...ah, pela minha displicente vaidade e mal feitio para ser adivinha.