O OLHAR DE UMA SAUDADE NA SAUDADE DO MEU OLHAR
A saudade, vez por outra, dá a sua cara para que eu a veja. Desta vez, depois de um tempo prolongado, ela, a saudade, chegou de mansinho e se fez convidada, em meu olhar, certa de que eu não aguentaria vê-la tão bem, especialmente, após ela ter ido passear longe, muito longe. É... Talvez o meu olhar tenha sido traído pela lembrança de algo que quase fora, no seu tempo, tão bom. Mas, como querer algo que quase fora para sempre, mas que não passou de uma doce ilusão? Então, o meu olhar se voltou, não para a saudade de alguma coisa que aconteceu, mas, justamente, para o contrário dela. O meu olhar mirou, sim, a saudade que estava visualizada à minha frente e sentiu saudade do que não fora possível acontecer. Ela, bem ali, pertinho de onde o meu olhar estava, sem me ver, desfilou contente, alegremente extasiada e, de vez em quando, sorrindo para aqueles que, certamente, um dia, sentirão saudade de olhar o olhar da saudade dela, desfilou faceira, certeira e cheia de vida. Olhei, apenas – sem saudade – o lindo quadro visto pelo meu olhar. Sorri o seu sorriso e me imaginei olhando-a como na última vez. Vi, naquela breve ilusão de cena – uma que estava à minha frente; outra que se materializava diante da minha fértil imaginação –, a despedida definitiva. Ela, a saudade, na sua convicta certeza de que saudade vai e volta, não se preocupou em olhar o meu olhar decidido de não mais querer sentir saudade de tantas saudades que sentira nesses anos todos... Talvez sete... Talvez oito primaveras, e continuou, faceira, a passear, encantando todos que estavam por ali. O meu olhar preferiu olhar apenas aqueles doces lábios da saudade na sua frente e deles saborear o único beijo dado numa noite de intensa paixão... Beijo, não! Apenas um ímpeto apaixonado de quem olhava para uma quase certeza de amor. Indiferente, a saudade não aceitou o gesto como sendo uma prova de não querer sentir, um dia, saudade da saudade do olhar meu – assim como agora ela quase me fez sentir. O meu olhar, no entanto, agradeceu, apesar de tudo, o pouco que a saudade tinha lhe dado. Agradeceu porque, mesmo tendo sido destratado, rejeitado e ironizado, o meu olhar tinha conhecido o verdadeiro sentido de se encontrar com a paixão, quiçá – quem dera! – o amor. Por isso, subindo os degraus do primeiro piso, onde a saudade estava, o meu olhar, sem ser traído pelo suspirar da sua companheira, a boca, desviou-se rapidamente da saudade e permitiu que a sua parceira exprimisse um breve e leve suspiro de ausência, também chamada saudade. Um, dois, três degraus... Um, dois, três pavimentos... A saudade, pensou o meu olhar, ficara para trás. Ficara apenas a saudade que ria alegremente e falava para quem quisesse ouvir.
A saudade que se instalara, sem que o meu olhar permitisse, de repente se fez presente, enraizada, permanente, consciente, desenhada e obstinada, como a dizer: “estou aqui para sempre” neste simples olhar que se multiplica em cada fração de prazer...
Obs. Imagem da Web
A saudade, vez por outra, dá a sua cara para que eu a veja. Desta vez, depois de um tempo prolongado, ela, a saudade, chegou de mansinho e se fez convidada, em meu olhar, certa de que eu não aguentaria vê-la tão bem, especialmente, após ela ter ido passear longe, muito longe. É... Talvez o meu olhar tenha sido traído pela lembrança de algo que quase fora, no seu tempo, tão bom. Mas, como querer algo que quase fora para sempre, mas que não passou de uma doce ilusão? Então, o meu olhar se voltou, não para a saudade de alguma coisa que aconteceu, mas, justamente, para o contrário dela. O meu olhar mirou, sim, a saudade que estava visualizada à minha frente e sentiu saudade do que não fora possível acontecer. Ela, bem ali, pertinho de onde o meu olhar estava, sem me ver, desfilou contente, alegremente extasiada e, de vez em quando, sorrindo para aqueles que, certamente, um dia, sentirão saudade de olhar o olhar da saudade dela, desfilou faceira, certeira e cheia de vida. Olhei, apenas – sem saudade – o lindo quadro visto pelo meu olhar. Sorri o seu sorriso e me imaginei olhando-a como na última vez. Vi, naquela breve ilusão de cena – uma que estava à minha frente; outra que se materializava diante da minha fértil imaginação –, a despedida definitiva. Ela, a saudade, na sua convicta certeza de que saudade vai e volta, não se preocupou em olhar o meu olhar decidido de não mais querer sentir saudade de tantas saudades que sentira nesses anos todos... Talvez sete... Talvez oito primaveras, e continuou, faceira, a passear, encantando todos que estavam por ali. O meu olhar preferiu olhar apenas aqueles doces lábios da saudade na sua frente e deles saborear o único beijo dado numa noite de intensa paixão... Beijo, não! Apenas um ímpeto apaixonado de quem olhava para uma quase certeza de amor. Indiferente, a saudade não aceitou o gesto como sendo uma prova de não querer sentir, um dia, saudade da saudade do olhar meu – assim como agora ela quase me fez sentir. O meu olhar, no entanto, agradeceu, apesar de tudo, o pouco que a saudade tinha lhe dado. Agradeceu porque, mesmo tendo sido destratado, rejeitado e ironizado, o meu olhar tinha conhecido o verdadeiro sentido de se encontrar com a paixão, quiçá – quem dera! – o amor. Por isso, subindo os degraus do primeiro piso, onde a saudade estava, o meu olhar, sem ser traído pelo suspirar da sua companheira, a boca, desviou-se rapidamente da saudade e permitiu que a sua parceira exprimisse um breve e leve suspiro de ausência, também chamada saudade. Um, dois, três degraus... Um, dois, três pavimentos... A saudade, pensou o meu olhar, ficara para trás. Ficara apenas a saudade que ria alegremente e falava para quem quisesse ouvir.
A saudade que se instalara, sem que o meu olhar permitisse, de repente se fez presente, enraizada, permanente, consciente, desenhada e obstinada, como a dizer: “estou aqui para sempre” neste simples olhar que se multiplica em cada fração de prazer...
Obs. Imagem da Web