Valentina
Era uma aldeia
Onde havia uma fonte
E uma moçoila chamada Valentina.
Pele cor de trigo maduro,
Olhos de oliva, sublinhados a lápis preto
E lábios de pétalas ela possuía.
Todos os dias, várias vezes ao dia,
Via-se Valentina abraçada ao seu pote
No caminho daquela fonte.
Os rapazes dessa aldeia
Admiravam-na
Com olhos e palavras cavalheirescas.
Os velhos dessa aldeia
Tinham-lhe
Sonhos distantes.. devaneios.
As mulheres dessa aldeia
Invejavam-na com certo desdém.
Ante a bocarra
Da bizarra gárgula
Donde saltava o precioso líquido,
Curvava-se a moçoila
Pra encher o seu pote.
E era sempre assim!
A gárgula horrenda, bizarra,
Com seus olhos esbugalhados,
Mas privilegiada,
Além de lançar o farrapo cristalino,
Lançava também seu olhar malicioso
Sobre o cavado decote de Valentina,
Donde as graças da carne
Por um triz saltariam..........
José Alberto Lopes.®
SBC-31/08/2012