QUANDO O TREM PAROU
Néveo J. Bello
QUANDO O TREM PAROU
Quando o trem parou naquela estação, eu estava tão atento na leitura de um livro que nem percebi. Só quando alguém na poltrona de trás perguntou ao seu parceiro de viagem, "que cidade é esta?", eu me despertei e olhei para fora da janela. A surpresa foi tão grande no momento em que olhei os passageiros na plataforma da estação se movimentando para subir no trem e outros que desciam, quando vi aquela linda mulher com seus passos firmes caminhando em direção contrária aos demais. Realmente foi como um grande susto. A figura daquele rosto tão lindo que me fez aflorar no pensamento a lembrança de um grande amor do passado.
Amor ou amores no passado, quase todo mundo os teve. Mas... a recordação deste grande amor, ao ver aquela mulher, foi diferente de todos. Foi muito lindo, foi vivido por pouco tempo mas marcado por grandes momentos. Posso dizer que foi um amor quase sublime. Na realidade tudo isto passou pela minha mente enquanto acompanhava com meu olhar aquela linda figura que se destacava entre tantas pessoas. Só ela coloria aquele ambiente. Eu estava viajando no tempo naquele momento, com tanta saudade. Daí que eu num forte impacto saí daquele sonho, embora acordado e me percebi novamente na poltrona junto à janela e o trem já em movimento seguindo o seu caminho.
Daí sim, eu fiquei sem saber o que fazer e a interrogação era muito grande. Seria ela mesmo a pessoa que eu julgava ser? Aquela que vivemos aquele grande amor no passado e fomos separados por gente maldosa que não queriam a nossa felicidade? Será que ela estava viajando e desceu naquela estação? Será que estava lá para esperar alguém? Será que ela caminhava firme para alcançar o trem e viajar? Então ela poderia estar lá, naquele trem, era só procurá-la. Sendo assim eu sai a sua procura. Caminhei por todos os vagões com o olhar firme, quase sem piscar, sendo até indiscreto às vezes, procurando, procurando e não a vi mais. Fiquei muito frustado, muito infeliz. Foi até difícil achar novamente o lugar onde me sentara antes.
O trem continuando sua tarefa de rodar pelos trilhos então se distanciava cada vez mais. Assim também me distanciava cada vez mais daquela linda mulher que eu ficava na dúvida se era ou não quem eu um dia conheci. Será que ela mora nesta cidade? Será que não? Então escrevi na página daquele livro que lia, o nome da cidade que ouvi o viajante dizer ao seu parceiro de viagem.
Cheguei ao meu destino, ou melhor dizendo, cheguei na cidade para onde me dirigia. O trem parou, apanhei a minha mala e em outra mão o meu livro. Desci com os demais passageiros. Eles foram todos saindo mas eu permaneci por mais tempo naquela estação, olhava por todos os lados tendo a impressão que iria surgir como mágica, aquela mulher para eu tirar a minha dúvida. Mas isto não aconteceu. Era minha imaginação falando mais alto novamente.
Rumei então para o Hotel. Depois de viajar, para passear, me distrair e esquecer de todos os problemas, me encontro machucado com este acontecimento.
Tento cumprir o roteiro da viagem que propus fazer. Acompanho o grupo de turistas nos passeios, mas, sem conseguir despertar interesse nas novidades que vejo.
O livro que eu lia na viagem e trouxe para estudá-lo é um dos meus preferidos, mas está sendo difícil terminar de ler. Porque a cada página que leio, volto naquela que escrevi o nome daquela cidade e volto a viajar na imaginação, no tempo e com aquela mulher.
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