PREFÁCIO
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PREFÁCIO
“Amor... Em Sonetos” é labor, laboratório e oratório.
Labor porque é o resultado de uma ação poética exaustiva sobre a palavra Amor em seu infinito percurso de inúmeros segmentos. O amor é um tema já muito explorado em todos os seus aspectos esplendorosos e trágicos. Mas é uma palavra que instiga o poeta e o leitor porque representa a peça de um grande quebra-cabeça na conclusão do mosaico afetivo da existência humana. O Amor é o Santo Graal que a todos interessa.
Não é fácil falar de amor... É preciso muita sensibilidade para descobri-lo e habilidade para depois vesti-lo com teias poéticas. E submeter versos às regras rígidas do soneto não é para qualquer um. É preciso inspiração matemática. Mas Guilherme Fadda escreve sobre o amor com a sede de quem pretende esgotar a fonte. Ele abarca completamente esse tema com o seu manto poético criativo e o desmembra em múltiplos vocábulos para reconstruir o uni-verso textual. Ao poeta, nenhuma nuance ou sensação escapa. Ele arquiteta poemas com uma surpreendente habilidade, como a natureza reúne elementos para a produção. Por isso esse livro é também um laboratório que mescla os diversos sintomas colaterais do amor, suas feras e atmosferas. Todos os satélites que giram em torno do amor estão presentes e se revelam em queixa, alegria, prazer, dor e incertezas... Em “Redemoinho”, poema sinestésico, há toda uma nuvem de sensualidade desfeita na frustração da ausência da pessoa amada. Em “Amor Despetalado”, tudo se desconstrói na “geleira intempestiva”do tempo. Em “Amado-Amante”, o amor surge com o seu fulgor exuberante e plenitude que realiza. Mas “as soluções das nossas incertezas” estão em “Jesus é o amor... e a razão”, poema de amor espiritual que o autor também não esquece. E assim, de palavra em palavra, o amor vai se compondo mentalmente em cada verso como um imenso patchwork. E, ao final de toda a leitura, é possível ter a sensação plena de um sentimento que é, para muitos, uma verdadeira Pedra Filosofal, mas ao mesmo tempo está em toda parte.
A poesia tem uma linguagem transgressora que nos permite experimentar sensações diversas. O papel do poeta é inventar universos paralelos para nos permitir isso: tornar possível o impossível através da sua própria criação. Nesse belo oratório, que nos convida a flutuar, o poeta não pretende explicar o amor. Ao contrário, ele apresenta ao leitor suas dúvidas, indagações e incertezas, porque é muito difícil amar sem perguntas. Mas uma coisa é certa: ter esse livro à cabeceira da cama é uma forma de renascer todo dia e de sempre lembrar que “Pecar?... É não saber amar.”
Cristina Ribeiro
(Prefácio que escrevi para o livro "Amor em Sonetos", de Guilherme Fadda. Ed. Multifoco, Rj)