Devoraria cada uma dessas torpes lembranças
e me alimentaria dos restos dessas esperanças,
se porventura as tivesse e se acaso pudesse...
Comeria com toda a avidez a luz de teus olhos,
para vomitar as palavras iluminadas de mais um poema,
porque por vezes me faço de poesia assim regurgitada,
das dores que tive que ir engolindo pelo caminho.

E meus olhos só derramam a beleza por eles devorada.

Agarraria com as mãos a doce ternura de teus sonhos,
reteria toda a doçura de teus desejos mais insondáveis,
e sorveria de teu destino, sem medo dos seus desígnios,
a inconstância de teus sentimentos mais imponderáveis.

Respiraria ainda mais uma vez só por um beijo teu
e morreria contente se fosse no calor de teus braços,
só por amor, algo que fosse assim somente meu,
como este meu amor tão perdido em teus passos...


(Mas não imagino sequer a força que tem esse desejo,
nem posso ver tudo o que presumo que pressinto.
Não posso nem ter tudo aquilo que eu vejo
e nem ser tudo aquilo que eu sinto...)


Em vida, o tempo me devora.
No caminho para a morte, eu o decifro.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 26/08/2012
Reeditado em 03/05/2021
Código do texto: T3850822
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