Vivendo intensamente um futuro
Em meio a um quarto escuro, sendo vítima das fortes rajadas de ar de um antigo ventilador, proponho-me a vislumbrar algum futuro distante. Apesar de comprovado meu fracasso em tentar prever o que acontecerá em outro tempo, que não o presente, continuo na árdua tarefa. Não me pergunte o que me move, já que nem mesmo eu sei a verdadeira resposta. A filosofia do carpe diem para mim não funciona, e nem adianta insistir. Expressões como "viva o presente, nunca se sabe o dia de amanhã" parecem por demais vazias e inexpressivas, pelo menos para mim. Minha mente funciona a todo vapor. Chego a cansar-me de mim mesma. Tento inutilmente inserir na mesma as grandes divagações do Zeca, mas "deixar a vida me levar" não parece o certo a se fazer. De certa forma, todos com quem convivo possuem suas vidas relativamente traçadas, mesmo que através de singelas marcas desenhadas em um deserto arenoso. Bem, a minha... A minha vida ainda é o deserto por completo. Sem qualquer marca que possa me ajudar a desvendar onde chegarei. Não me impaciento com as vastas possibilidades que me são apresentadas. Apenas confesso um pequeno incomodo ao tentar imaginar todas elas. Proponho-me a visualizar um futuro distante. Cada um possui seu passatempo. Esse é o meu. Sem mais argumentos, meritíssimo.