RECONHECIMENTO

Curiosa, mergulhei meu olhar no miolo de uma flor

vermelha de cor e, vi uma abelha irrequieta trabalhando,

com seus óculos verticais de lentes turvas e curvas.

Em contato com os meus olhos confusa, rodopiou,

não me picou e circunspecta continuou sugando o néctar.

O cheiro embriagador chamava outros insetos

que voavam sem cessar.

Percebi pingos de chuva que se precipitavam docemente,

até que a pancada inundou minhas emoções, forrações e altos canteiros...

A corola da flor, cheia d`água fizeram as abelhas sumirem.

Lembrei que a natureza prodigiosa como sempre oportunizando

a polinização, o mel açucarado, a cera, própolis, a beleza

da paisagem...

Olhei para outro lado malgrado o tempo, descontrai e

corri para perto de um caramanchão, onde as folhas

molhadas brilhavam, pensei uma oração.

Ventos cálidos vestiram meu rosto então composto com

um véu invisível, rezei.

Caminhei, tocando nas ramagens, que imagens eu vi, então

alguns pássaros assustados bateram as asas.

O alarido começou com o tagarelar nervoso das aves de um

colorido sem igual, contrastando com o verde da vegetação.

O piado dos filhotes mostrando as famílias em evolução

embalaram o meu espírito em leveza.

Suave melodia saia da valeta por onde rolava a água

para longe e, o fluxo encorpado cantava sobre a canaleta

acompanhado do assovio das taquaras podadas.

O Sol voltou lentamente e pode reinar por poucas horas,

era tempo da Lua aparecer e envolver tudo com seu metálico

tom resplandecente que sempre recebe de seu antecessor.

Foram boas aquelas horas junto à natureza de cheiros, cores,

corpo e terra molhada, brilhos, arrepios, calor...

Delicados momentos de contemplação, fé e reconhecimento...

Zastra
Enviado por Zastra em 21/08/2012
Reeditado em 21/08/2012
Código do texto: T3842017
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