Um homem e um jardim
Para André Oliveira
Um homem...
E um jardim...
Jardim sem nome
Talvez ainda sem flor
Dono de uma borboleta de asas ligeiras
Divide-a comigo, sem desbotar sua cor
Depois da luz nascer
E iluminar o continente
Uma amizade nasceu
Lentamente, fincou profundas raízes
Adubada por um sonho
De um pedaço de mim em forma de gente
Com a qual conversava de igual pra igual
Onde juntos, deitados sob a copa de um imenso ipê
Florido alegremente e amarelado em sua natureza de tons
Conversávamos animadamente
E observávamos os passarinhos construírem suas vidas
Seus ninhos, com perfeição
E com a mesma alegria
Que nos transformava
em cada conversa
em cada troca de carinho
No céu
As nuvens bailavam
E em seu balé, várias imagens se formavam
Qual duas crianças, brincávamos alegremente de descobrir
Se cachorro, dragão, avião, panela de pressão, peixe, espanador ou avestruz
Estariam a nos enfeitiçar com seu alvo algodão-doce de luz
E logo-logo a brincadeira acabaria para dar lugar a outra
Uma muito mais séria e científica
A de nomear as estrelas
Que lentamente começariam a aparecer
Pois o tempo
Quando estamos com as pessoas que amamos
Nunca é longo o bastante
Nunca é o suficiente
E a conversa sempre é boa
Três marias, cruzeiro do sul, ou qualquer outro nome que inventamos...
As estrelas tomam forma e dão azo a novas pautas...
E sempre é tempo de fazer novos pedidos
Às estrelas cadentes
E lentamente, vamos contando nossos mais íntimos e secretos desejos
Pois para o outro não existem segredos...
Somos um e somos dois que somos tão amigos
Tão irmãos
Tão pertos no coração
E tão longes de estarmos perto...
Que estamos mais perto do coração um do outro!
Mas, amigo, vou-lhe contar...
Nunca senti ser tão para sempre
Um sentimento como esse tão para sempre amor
Como o amor tão para sempre que sinto
Por esse tão irmão de coração que é
Meu doce feliz Félix que é André
Mas que se André fosse Félix
Também seria tão André
Que não me importa o nome
O que importa é o amor....
Que sinto
E que senti
Desde a primeira linha...