O TEMPO E A VIDA

Com olhar ainda perdido

Feito vento no horizonte

O feto chega ao mundo

Meio ao choro de criança...

Do ventre,

Veio escrever seu destino

E no vácuo do humano...

Mal sabe que nessa vida

Se tornará um ser pensante...

Agasalhado pelo mistério

Que envolve o céu à terra,

Como caixa de pandora

Apresentar-se aos elementos...

E a criança isolada,

Como ente separado

Olha o resto do universo

Como um pasto descampado...

Vai plantar e vai colher.

Não importa em qual ordem...

Vai ser feliz e vai sofrer

Ate encontrar-se humanizado...

Na metade do caminho

Com passadas já mais firmes

Vai brincar de juventude,

Como fieira envolta

No eixo de um pião...

E em meio ao crescimento,

Com alegria ou lamento

A criança agora jovem

Vai traçar o seu destino...

E mais tarde quando adulto,

Já livre da opressão

Amplia seus sentimentos

Com um amor no coração...

Ao atrelar-se a beleza

Dos traços da companheira

Segue nessa trilha

Com um amor no coração...

Vai seguindo seu destino

Ao aprender a fazer humanos...

Agarrado a um pedaço de sua vida

Vê repetir-se a mesma cena

Daquela noite serena

Quando o mundo o recebia

Com olhar ainda perdido

Feito vento no horizonte...

E o menino que chegou ao mundo

Meio aos prantos de infante

Cresceu no ventre da vida

A escrever a sua historia...

E agora o homem já velho

E desta vida já sabida,

Entrega o cetro para o filho

Dar seguimento á sua trilha...

E o tempo debochado

Deste homem em despedida

Que já brotou, e já colheu

As historia de uma vida,

Vai marcá-lo como sendo

A próxima partida...

Mas que tempo desgraçado

Que ao homem não perdoa

Se deu, porque que tira

As experiências de sua sina?

Se o tempo soubesse

Como é dura essa partida

Perdoaria os homens.

Não lhe tiraria jamais,

A vida.

Albertina Chraim