NOBRE SENHORA

Parei para pensar quem sou,

Numa esquina que eu nem sabia que existia.

Olhei na direção do sol,

Encontrei-me como leiga,

A indagar á Sabedoria...

Quem sou eu nobre senhora,

Que peregrino por esses anos de tantas heresias?

Nobre senhora logo respondeu...

Nesta vida erma,

Tens consciência e supremacia

Teu caráter é intrínseco,

És feita de realidade,

Mas também de muitas fantasias...

Quando cálida,

Irradias amor por onde passas

Mas irada,

És capaz de despertar em teu silencio

O mais feroz dos animais...

Quando amante,

Entregas-te aos doces prazeres.

Mas se desprezada,

Mergulharas nas profundezas

Das cavernas do humano...

Representas a generosidade,

Quando adoçada tua boca,

Mas se de amarguras te servem,

Tornas-te maldosa abrindo a porta do inferno...

Confias em teus próprios recursos

Pela plenitude de teus anseios

Em crer que da matéria se faz teu corpo

Mas é o espírito que contempla tua essência...

Tens o fogo, a terra, o sol e o ar

Como elementos nesta vida a te guiar...

Quando pisas em terra,

O fogo desafia teu destino

Mas é o sol que vai iluminar.

Quando te falta a respiração

Tens ar a te ressuscitar...

À medida que tua alma cresce

Tornas-te mais audaz...

Em total escuta dessa nobre senhora

A desvendar minha alma

Descrevendo partes de mim

A vi sumir por entre as nuvens

Com um doce sorrido a se despedir...

Albertina Chraim