Vida e morte sereína

Vinda de um canto em que tudo era redondo e cor de vento, surgia entre o mar de doce de água. O mar, entendia eu, era feito de tudo, menos de água, só de doce. De música. De Iemanjá. De São Jorge quando o sol ia dormir. De dor e de remédio. Quando o martírio em forma de onda arrastava-me pelo cabelo, fio inteiro, a barba grisalha nem pensava, mas pescava em sua rede memórias, mais memória do que matéria. Peixe pensante. Salina, sereia sem nexo.

Liz Agostinho
Enviado por Liz Agostinho em 16/08/2012
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