SOBRE O TEMPO

O tempo é esse mago que nos ilude

e que pensamos passar

quando nós é que passamos...

O tempo é o valor que medimos

em milênios, séculos, décadas,

anos, meses, dias,

horas, minutos, segundos,

ou com parâmetros outros que criamos

e que, em realidade,

nada nos comprovam

pois é o tempo quem nos mede...

O tempo é esse fator de desculpas,

de esperanças e de desânimos

que foge de nós celeremente

se tentamos capturá-lo...

O tempo é esse sentido de variação

do espaço percorrido,

de ilusão de vida

que nos atormenta,

que acaba sempre e sempre se renova

pois há sempre quem diga ter tempo

e quem tempo não tenha e muito precise...

O tempo é esse mito, esse monstro,

esse fantasma que nos assunta

no quotidiano deste final de “Século XX”

- medi o tempo –

onde sempre reclamamos a falta de tempo

e cada vez mais nos comprometemos

como se tempo tivéssemos de sobra

para esbanjamentos...

O tempo é o período em que as coisas acontecem

porque tinham que acontecer,

mas que achamos que aconteceram

porque era o tempo.

Dizem que para tudo há um tempo certo

como se fosse possível

haver um tempo errado...

Entretanto, acho que não há

o tempo certo para morrer.

Quando a morte chega, alguns dizem:

- coitado! foi tão cedo, ainda não era tempo...

ou, em outros casos:

- foi tarde! já deveria ter ido...

Particularmente, eu não creio no tempo.

Quando as crianças brincam

o tempo não existe.

Quando os namorados sonham

o tempo não existe.

Quando estamos absortos

o tempo não existe.

Por essas e outras não creio no tempo:

primeiro, porque estou crescido

e não é tempo de crer nessas bobagens,

depois, por tanta ocupação,

já não me sobra tempo para essas coisas...