DIVAGAÇÕES

Hoje não vou falar do inteiro e sim da metade

Àquela que a gente insiste em deixar à parte

Quem é que é tão único

que pode ter só uma paixão

ou uma vontade?

Conheço várias rotas

aortas do coração

todas vias, vielas e veias

são pista dupla

E não adianta torcer o nariz

pensando em trazer e ser somente

a cara metade

A face deveria ser de altos e baixos

e o movimento de entender o outro

deveria ser nomeado de concentração

ou até mesmo variação

Não acredito em ser a âncora do outro

mas sim o porto de chegada

às vezes o de saída

as correntes do mar quentes e frias

e tem muita água pra caber nesse poço

que às vezes chamamos de singular moradia

Acredito sim em amores necessários

e contingentes (viva Beauvoir)

Aceito o tilintar do outro

as mãos trêmulas e às vezes firmes

o passo grande e o tênue

e junto com ele o pacote das indecisões

Será que a mulher tem a bacia mais larga

que na superfície dela convergem todas as águas?

Será mesmo que o feminino enlarga?

Já que estou divagando tanto

melhor eu ir fazer minhas compras

na bacia das almas

Lá acredite o preço não é barato!

Fato!

Helena Istiraneopulos
Enviado por Helena Istiraneopulos em 15/02/2007
Código do texto: T382853
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.