MEU PAI

Talvez ontem eu não entendesse teus apelos,

Que nos momentos, me pareciam tão banais...

Mas agora quase perto de ti

Entendo que querias me dizer muito mais...

De teus bigodes retorcidos

Enfrentando as tempestades...

De minha adolescência atrevida

Achando o Ser adulto, uma maldade...

Mas hoje já bem madura,

Entendo o que de mim querias...

Seria tudo muito simples

Se não fosse minha rebeldia...

De filha atrevida,

Acreditando ser briguice a idade...

Então meu querido velho pai,

Talvez eu nem te mostre este escrito...

Mas lembre-se que em cada abraço

Que te dou, mesmo em silencio

Agradeço todos os dias,

De poder ouvir tua voz...

Sentir teu cheiro...

Acariciar tua pele enrugada,

Servindo teu café,

Buscando teu chinelo,

Pedir-te a benção,

E dizer-te que

Amo-te cada vez mais...

Não é amor incondicional,

Nem amor interesseiro,

É um amor tão puro,

Que me mais sentir-te em qualquer lugar

Se um dia me atrevi,

Não querendo te entender,

Hoje sei que me ensinaste

A crescer...

Se tuas frases prontas me causavam

Aversão

Hoje as reproduzo para meus filhos,

Repetindo a lição.

Albertina Chraim