O Homem Descolorido
O homem que pintava as cores. Coloria e descoloria seus dias e noites. Pincéis e tintas.
Pintava o sol e as estrelas e a lua. Cantava e dançava as notas dos instrumentos musicais. Um passo do ‘dó’ ao ‘lá’.
Mas este homem, um dia, disperso em solidão, não abriu seus estojos de tintas nem de pincéis. Nem tocou seu piano, violino ou saxofone e tampouco cantou seus sons ou dançou suas danças.
Uma perda dos sentidos. Todos os sentidos. “Desumanização”.
E as cores se tornaram preto no branco. O sol se “ecliptou” com a lua e as estrelas caíram do céu.
Não se articulou notas nem danças, nem pequenos fonemas se proferiram.
O homem agora, sem cores, sem fonemas nem movimentação. Descolorido. Mudo. Impotente.
Criou-se o mundo imerso na escuridão: Não se vê. Não se ouve. Não se fala nem se sente.
E se foram os pincéis sem cores e os instrumentos sem as notas musicais.
Os pés no descaso da dança, dos passos, da vida, caminhando por passos descompassos no nada. No vácuo.
O pobre homem da solidão.
(16/11/2010)