Abandono e desencanto
Jorge Luiz da Silva Alves



    Foi algo tão definitivo que sequer deixou rastro: tua presença, tão marcante, estigmatizante em minh’alma, quando fostes  não sobrou viv’alma... a dor de tua partida foi tão lancinante quanto o silêncio de nossos últimos instantes – quebrou a barreira do (agradável) som, aquele bater descompassado de meu coração com a simples lembrança de tua voz ou de teu nome. E de repente, da multidão de fantásticos momentos que povoavam cada milímetro quadrado de minha vida, sobrou apenas o vazio absoluto e o terrível bater das portas dum abandono imensurável, gigantesco, avassalador, perpetrado por tua inconseqüente decisão de varar o mundo à procura de vida – fui, porventura, tua Morte Solene enquanto varávamos o leito com estocadas de paixão e felicidade?, ou a funesta presença em apoio e carinho quando tudo parecia desesperançado para ti?!  Foi algo tão definitivo – seco, áspero, ríspido, metastático – o abandono que perpetrastes no templo de nossa felicidade, que o ranger destas infelizes portas da alma assemelham-se ao clamor do corvo de Poe, praga lançada para amores futuros: NEVER MORE...

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Jorge Luiz da Silva Alves
Enviado por Jorge Luiz da Silva Alves em 09/08/2012
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