Manhã em Amsterdã

P/ Thais

Soprava um vento que ninguém soube de onde veio. Ela jogou o cachecol vermelho, finalizando o traje pesado que o frio lhe impunha. Calçou as botas duvidosamente e o olhou mais uma vez, antes de beija-lo e anunciar sua saída. Tudo parecia rumar ao vento. Pensou em um bilhete que quebrasse o silêncio dos passos, e o olhou mais uma vez, antes de sair.

Perambulou nas proximidades como quem desafia o tempo. Tão próximo e tão distante. O tempo. Pensou nas várias possibilidades de palavras que pudessem substituir um gesto. O gesto que não houve.

O abstrato inverso ao rumo do vento a impede de avanço.

O corpo se rende e é impelido de volta, ao começo do papel que ficou em branco, no silêncio dos passos.

26/01/07

Rocio Novaes
Enviado por Rocio Novaes em 14/02/2007
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