Ósculos do avesso,
trancados no armário,
descansam à margem da gaveta.
Estáticos e sem o nome dele,
eletrocutados por lágrimas,
Palavras em expansão,
que resignadas hibernam 
em papel de carta sem floral.
Seladas com o formato da boca,
sem a umidade dos lábios.
Outrora fora um sonho dantesco,
agora utopia humilhada
fadada ao anonimato.
Assistida por ele,
o destinatário,
numa cadeira de balanço
num cenário apagado.
Olhos negros sem brilho,
imaginando quem sabe?
o gosto
daqueles beijos dela,
que ficaram no armário.
À espera dele, 
tão 
desbotados!


Railda
Enviado por Railda em 01/08/2012
Reeditado em 28/05/2016
Código do texto: T3808981
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