“Deveras, no amor, já me consolidei; pensei que meu trabalho é deveras louco, talvez sem qualquer importância sóbria para o futuro, talvez tolo...
Por quê é tudo doido em mim? Por quê é tudo tão canalha, massacrante, devorador? Por quê é tão intenso o meu desejo de eternidade, minha soberba imbecil? Por quê eu não sou centrado, inteligível, filosoficamente venerável? Por quê tudo é tão isso em mim? Por quê estou te dizendo essas coisas que nada refletem, nem te chegam nem importam?” (André)
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Comentário do Jô:
O escritor se expõe por inteiro nos questionamentos acima – verdadeiro painel metafísico. Testemunho límpido.
Todavia ele se acalmará, pois é um ser humano e, por conseguinte, complexo nos mais simples atos e gestos.
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O que alguém escreve não tem que fazer sentido: tem sim que maravilhar, despertar, deslocar, desafiar, provocar vislumbres, reflexos, insights, questionamentos, arrependimentos, meditações, remorsos. Levar a mudanças em série. Êxtase consciente. Redenção. Catarse.
Assim vejo a obra deste literato.
Ora, um mortal comum lê a Divina Comédia (Inferno): ele
emergirá dali em delírio, transfigurado, tremendo, temendo e prometendo-se melhorar, dignificar-se, fazer todas as pazes possíveis. Tal é, mutatis mutandis, a missão do escritor André Boniatti: conscientizar o próximo dos valores, direitos e deveres implícitos no ato de viver. Com seus versos rudes e ofuscantes. Confiram, clicando: andré boniatti