[Blues da Solidão]

Eu, que, tarde da noite, já chorei de desespero numa praça abandonada por todos, pergunto: qual seria a mais acertada, a mais sensível, a mais impactante... definição de "solidão"?! Se penso nisto, toda a minha ciência me abandona, e nada sei... além de saber-me só, só, só...

Nem um cão a ladrar para o ermo, nenhuma uma voz trazida no vento... e no jardim da praça, nem sequer uma rosa orvalhada... na rua, nem uma luz acesa [exceto a do poste solitário], e nem há o rumorejar das águas de um córrego a cruzar a cidade... Ah, hoje em dia, os córregos foram enterrados, e não mais cruzam as cidades sob o céu estrelado! E em meus vagares das madrugadas, eu nem posso mais, do alto daquela bucólica pontezinha de madeira [que não mais existe], deixar cair minhas lágrimas na correnteza!

Agora, de meu, só o silêncio interior do meu carro que desliza pelas ruas... e este blues a indefinir a minha solidão.

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[Desterro, 28 de julho de 2012]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 28/07/2012
Reeditado em 30/07/2012
Código do texto: T3801002
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