LIBERDADE EM CONSTRUÇÃO
Ah!
seus porcos encarniçados,
saiam do covil, lobos lambentos
Às turras, às turras, insaciáveis
sanguessugas
A prole operária,
guardiã da nobre busca,
não cederá
não cederá ao chicote, nem ao machado
Ela é nobre, por definição,
a prole operária é nobre
É dela que sairá o salvador,
o homem entre homens seus iguais
Não haverá milagres, nem santos,
esses não existem
e se existem, não estão do lado do trabalhador
É no meio dos homens, e só dentre deles,
que se dá o chicote e o machado,
então, seus porcos, lobos
e tudo mais,
não desistiremos;
sabemos que tens as armas e os canhões,
sabemos que mobilizam exércitos,
que saqueiam cidades e decapitam cabeças,
mas não se esqueçam: somos muitos
Haverá o dia,
o dia radiante e de festa
O dia que as nuvens cederão passagem
e o sol reinará iluminando a tudo e a todos
Que à noite chegue e traga as estrelas,
que ela faça brotar nos corações
promessas mútuas de serem felizes,
que a coruja testemunhe a seresta ao pé da janela;
e a amada receba vivas de felicidade
Só a prole operária,
somente ela e ninguém mais,
sabe do seu destino;
ela é quem constrói sua história,
história que não está nos livros;
a história da prole operária,
se faz no campo, no chão da fábrica,
nos arranha-céus em construção,
com a lavadeira à beira do rio,
É a história construída com muito suor
e pouco pão, porém,
que se dignifica porque feita entre irmãos
Então, porcos encarniçados,
saiam!, e vão lambuzarem-se
no lamaçal que construístes
O dia que virá, tão logo virá,
será de gorjeios e brandas brisas;
e os vendavais, outrora acompanhados de tempestades,
cederá à calmaria e ao céu primaveril
E tudo terá novas cores