Não é mais hora de justificar ou lamentar o não feito,
O não dito fica por ora assim, posto como esquecido,
Que eu nunca que sei mesmo o que dizer.
Tem um quê que sai de mim e se põe a escrever
E tudo que tem de dizer diz ali de qualquer jeito,
Bem dali de onde fica olhando desse jeito para mim.
E tudo o que tem que ser não parece nem nunca foi,
Tudo parece com tudo aquilo que disfarça parecer.
E quem é que vai saber das coisas que nunca foram?
Num sonho de hoje minha mãe costurava no escuro,
Eu beijava a menina errada porque queria a outra.
E chovia no sonho, chovia para eu ter guarda-chuva
E a lâmpada, a vontade e o guarda-chuva eu tinha.
Não é mais hora de pensar num futuro,
Que o futuro era bem ali onde eu não sabia que estava.
E passou tão rápido que nem deu para perceber,
Não deu nem para viver, por mais que eu quisesse,
Nem deu para esquecer, como se eu pudesse...
Não é mais hora de esperar.
O tempo fechou logo todas as portas
E a morte, astuta, vigia todas as janelas.
É hora de caminhar no deserto,
De aprender todas as orações do silêncio,
De se acostumar de vez com a escuridão
E de se alimentar do vazio que arrancou com a mão
De um impossível e impensado chão...
É hora de recusar o vinho e de pisar o pão...
Não é mais hora para ainda se iludir
E esboçar uns sorrisos falsos de falsa satisfação,
Que disfarçar o medo não muda o dilema.
A máscara esconde bem o rosto
Mas debaixo dela o rosto não muda,
É sempre o mesmo que não se vê no espelho
Não é mais hora para ainda acreditar.
Os deuses morreram, os santos pecaram,
Os céus estão vazios e os infernos cheios
E estão esgotados todos os lugares dos puteiros:
Porque só as putas é que ainda são capazes de milagres
E porque só elas é que ainda acreditam no amor...
Só os desvalidos são capazes de sorrir,
Porque só eles é que sabem o que perderam.
E só as crianças é que são felizes,
Porque elas ainda não inventaram a realidade.
Não é mais hora de esconder o amor.
Porque ele me escapa pelo vão das palavras
E me escorre pelos rombos do silêncio.
Porque ele não morre e nem acaba,
Não desiste e não deixa nunca de ser
(às vezes somente passa...)
Ele sempre se levanta, cai e se levanta outra vez
Sempre um segundo antes de a última lembrança morrer.
E se põe desafiador e teimoso frente ao olhar incrédulo,
Um segundo antes de quase por um triz eu o esquecer...
O não dito fica por ora assim, posto como esquecido,
Que eu nunca que sei mesmo o que dizer.
Tem um quê que sai de mim e se põe a escrever
E tudo que tem de dizer diz ali de qualquer jeito,
Bem dali de onde fica olhando desse jeito para mim.
E tudo o que tem que ser não parece nem nunca foi,
Tudo parece com tudo aquilo que disfarça parecer.
E quem é que vai saber das coisas que nunca foram?
Num sonho de hoje minha mãe costurava no escuro,
Eu beijava a menina errada porque queria a outra.
E chovia no sonho, chovia para eu ter guarda-chuva
E a lâmpada, a vontade e o guarda-chuva eu tinha.
Não é mais hora de pensar num futuro,
Que o futuro era bem ali onde eu não sabia que estava.
E passou tão rápido que nem deu para perceber,
Não deu nem para viver, por mais que eu quisesse,
Nem deu para esquecer, como se eu pudesse...
Não é mais hora de esperar.
O tempo fechou logo todas as portas
E a morte, astuta, vigia todas as janelas.
É hora de caminhar no deserto,
De aprender todas as orações do silêncio,
De se acostumar de vez com a escuridão
E de se alimentar do vazio que arrancou com a mão
De um impossível e impensado chão...
É hora de recusar o vinho e de pisar o pão...
Não é mais hora para ainda se iludir
E esboçar uns sorrisos falsos de falsa satisfação,
Que disfarçar o medo não muda o dilema.
A máscara esconde bem o rosto
Mas debaixo dela o rosto não muda,
É sempre o mesmo que não se vê no espelho
Não é mais hora para ainda acreditar.
Os deuses morreram, os santos pecaram,
Os céus estão vazios e os infernos cheios
E estão esgotados todos os lugares dos puteiros:
Porque só as putas é que ainda são capazes de milagres
E porque só elas é que ainda acreditam no amor...
Só os desvalidos são capazes de sorrir,
Porque só eles é que sabem o que perderam.
E só as crianças é que são felizes,
Porque elas ainda não inventaram a realidade.
Não é mais hora de esconder o amor.
Porque ele me escapa pelo vão das palavras
E me escorre pelos rombos do silêncio.
Porque ele não morre e nem acaba,
Não desiste e não deixa nunca de ser
(às vezes somente passa...)
Ele sempre se levanta, cai e se levanta outra vez
Sempre um segundo antes de a última lembrança morrer.
E se põe desafiador e teimoso frente ao olhar incrédulo,
Um segundo antes de quase por um triz eu o esquecer...