Desconforto
O que te motiva, homem, onde está tua fé?
Estará no colo devasso de uma mulher?
Ou entre cinzas, colhidas ao acaso,
Nas desgraças da tolhida ralé?
Não te escondas, homem, não te envergonhe
Tudo o que sabes já não serve mais
Esgotaste para a terra todos teus ensinamentos
Já não faz diferença teu alento.
Como esperavas recolher
O fruto do teu trabalho, do teu querer
A tua vontade é forte, mas tua fé é débil
E sem ela já não és mais ser.
Não digas, não mintas, não finjas, não brigues
A miséria que te sobra ainda é sua dívida
Reparta-a com seus iguais, sofra tua bondade.
Mas não me entregues sua coragem,
Sua meta, sua vida,
Pois em mim já não há
Espaço para tua saída.