Tristeza em amor

Tristeza,

Não me dissestes

Que já vai embora?

Não a procurei.

De fato, nunca a procurei,

E tu insistes em em mim

Buscar razão.

Já não me dissestes, então,

Que, senão agora,

Já te ia esvair-se embora?

É que canso de aqui lha ver -

Ou já não vês que meu ser já não te enjeita, coração? -

Busca-me agora,

Como quem quer um consolo,

Mas não tens em mim

Senão falso tolo:

Não te desejo,

Apenas amo a sensação.

Ser em ti, em abstrato, é viver.

Ou dirás a todos, agora, que nunca lha transformei?

Amiga, de certo lhe transformei.

Como ontem – lembra-se, o ontem? -;

Já você, de ontem, hoje é amor.

E de amor viverei então, querida tristeza,

Não que lhe veja apenas em torpeza:

É que busco, agora, outra emoção.

Então vá agora – sim, já agora!

Em outro tempo, quem sabe?

És suficiente em ti mesma,

Contudo esperarei,

Pois sei que de ti hei de precisar – e quem dirás que não precisarás tu de mim, também? -

Já que necessito crescer,

Pois respirar-te é crescer, já que necessário é transformar

- Não mudar, transformar -.

Sem ti, fatalmente tudo seria difícil...

Pois se tudo belo, muito, muitíssimo difícil!

Sem dúvidas, em ti há, de sobra, razão.

Mas vai, tristeza,

Pois já agora não me preenches;

Já agora és outro ente;

Já agora o amor, de todo, se apoderou de mim,

Em sublimação.

Diego Guimarães Camargo
Enviado por Diego Guimarães Camargo em 23/07/2012
Código do texto: T3792192
Classificação de conteúdo: seguro