QUANDO OS TRABALHADORES PERDEREM A PACIÊNCIA (com licença, Mauro Iasi)
Será a fome a indecência;
não os abraços e beijos
daqueles que se amam
Que o trono seja destronado,
e declarado vago,
possa o povo adentar ao castelo
e dele ocupar por tempo indeterminado
Que se declarem sábios
os velhos e as crianças,
e de cada qual se recolham
a experiência e a inocência
Que o sol brilhe e a flor floresça
e que sejam destituídas
a individualidade e a guerra;
e nos seus lugares
entrem: a solidariedade e a amizade, sinceras,
e não por mera aparência
Será a fome a indecência;
que cada trabalhador
produza para o bem comum
e em comum acordo;
e que não mais existam
patrões nem empregados
E que o homem seja amigo do homem
e não mais o lobo à espreita para acatar
e roubar sua vida,
enquanto, nas fartas mesas,
tabulam-se polpudos lucros
E nos hospitais morrem-se
gerações antes do primeiro ano
Será a fome a indecência;
e enquanto não se levantar a voz,
tudo será o mesmo
porque não é para se rebelar
Será a fome indecência
quando todos perceberem;
que tá na hora de perder a paciência