LEMBRANÇAS    


     Algumas lembranças enchem-nos de riso, de uma sensação de bem estar como ao aspirarmos um jasmim. São as que nunca nos proporcionaram uma lágrima de tristeza - somente as de alegria. São como aqueles livros eternos, que  volta e meia voltamos às suas páginas para nos deliciarmos com as palavras que alí preservam um pouco do nosso tesouro interior. 

     Outras lembranças queremos esquecer para sempre -- apagar de nossa memória palavras infundadas, ditos mentirosos, promessas e certezas que não passaram de chama de vela,  que se extinguem lentamente, nos deixando o desagradável cheiro da efemeridade.  Por que nada  substitui a luz do sol - e por conseguinte, a luz da verdade.  E assim se processa em nossos caminhos, em nossas vivências.  As lembranças que sempre levamos conosco  são aquelas as quais sempre a elas retornaremos, porque foram verdadeiras - e justamente, são aquelas que escrevemos com a tinta do nosso coração, porque só nos é que podemos ainda ler  a verdade no que falamos, no que escrevemos, no que sentimos.

     Outras  lembranças são exatamente como a rosa: nos inebriam com sua aparência, seu perfume, seu encantamento - e depois suas pétalas repousam dentro dos livros, abandonadas, vazias, desprovidas do essencial:  vida.

     Há então que se olhar a relva e perceber  que Deus a fêz em extraordinária proporção, justamente para nos lembrar que é por alí mesmo que os nossos passos serão firmes.



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Imagem: Super beautiful photos (FB)