Folha, tinta e homem.

Muda-se o rumo das ideias da poesia

Tornando-a escrava da rima

- Esta que, junto com a caneta

Subjuga o papel.

Ele, indignado, embolora-se e amarela-se sozinho por

não poder tatuar suas próprias ideias em seu corpo frágil de celulose.

O papel é doido varrido por querer tomar o corpo do poeta.

Humanizar-se.

E o poeta, que não é nada mais que um caçador de sentimentos

Como quem caça borboletas nas colinas

Quis ser essência e tatuagem.

Mais varrido é o poeta que se transforma em verso.

Afluidar-se.

Ah, e a caneta em todo seu ciúme preto

Riscou a todos com seu veneno de nanquim

Por dar seu sangue e suor pelo ofício em

prol do sentimento alheio - e nada.

Manchou o papel e as mãos do poeta

Vingando-se e morrendo birrenta e abobada.

Por fim damos cabo (ou novo começo) à relação de servo-admiração sinistra entre folha, tinta e homem

Fantochizados pela poesia.

Que, contente,

É tatuagem de papel, ofício de caneta e demônia de poeta,

seu vassalo que abre mão de qualquer exorcismo.

Santa aos olhos de quem lê.

Isabella Narcizo
Enviado por Isabella Narcizo em 20/07/2012
Reeditado em 18/09/2013
Código do texto: T3788267
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.