Folha, tinta e homem.
Muda-se o rumo das ideias da poesia
Tornando-a escrava da rima
- Esta que, junto com a caneta
Subjuga o papel.
Ele, indignado, embolora-se e amarela-se sozinho por
não poder tatuar suas próprias ideias em seu corpo frágil de celulose.
O papel é doido varrido por querer tomar o corpo do poeta.
Humanizar-se.
E o poeta, que não é nada mais que um caçador de sentimentos
Como quem caça borboletas nas colinas
Quis ser essência e tatuagem.
Mais varrido é o poeta que se transforma em verso.
Afluidar-se.
Ah, e a caneta em todo seu ciúme preto
Riscou a todos com seu veneno de nanquim
Por dar seu sangue e suor pelo ofício em
prol do sentimento alheio - e nada.
Manchou o papel e as mãos do poeta
Vingando-se e morrendo birrenta e abobada.
Por fim damos cabo (ou novo começo) à relação de servo-admiração sinistra entre folha, tinta e homem
Fantochizados pela poesia.
Que, contente,
É tatuagem de papel, ofício de caneta e demônia de poeta,
seu vassalo que abre mão de qualquer exorcismo.
Santa aos olhos de quem lê.