ASILO, CÁRCERE DA VELHICE
ASILO, CÁRCERE DA VELHICE
“Há momentos em que não se reconhece o próprio cárcere e a porta da imensidão se tranca intransponível e fria”. Ouvem-se gritos e parecem do além...almas que sofrem, e seus deuses inquiridos nem se dão ao trabalho de sorrir! Talvez humanos em tonitruantes delírios; ensandecidos...depois um assombroso silêncio, uma agonia que a nós se afigura, cruel e grande, um elo que liga o antes ao depois. Dantesco, sequer ouvimos vozes de consolo e nossos passos são de quem se arrasta pelos corredores escuros e fétidos ...uma lanterna mansa e furtiva surge aos olhos dos que não conseguem sonhar. É o nosso mundo, que insólito, o destino no-lo concedeu pelas mãos impunes do paradigma preconceituoso ... e outros mais se envelhecem e se apegam ao silêncio indigesto que seleciona aos derrancos, que nos castram princípios afagados por mãos alheias, indiferentes a nossas carências, desvaidades e sonhos esmaecidos... estúpida decruagem da mente... defervescência da ansiedade.
Do alto de nossas idades decrépitas e grisalhas, contemplamos, a desoras , o que muito suportamos...uma longa caminhada de desenganos e...de tudo fizemos e nada pudemos...e não por acaso, fizeram pouco de nós! Reprimimos este nosso sentir e nos agarramos ao aço frio da grade ferruginosa da repugnância, tentando compreender o que conquistamos .... apenas a noite vazia, poço de nossos íntimos e labirinto que a ninguém pertence, a espera daqueles que amamos.
Assombram-nos os ruídos daqueles que gemem injustiçados sob dogmática imposição dos aburrinhados... lamentos doridos...pesadelos...um travo amargo de ressentimentos contidos...silhuetas bruxuleantes vagueiam junto as mariposas sem luzes, rumo a outros cárceres mais duradouros; os de pudores achoados...e a vida continua, acantina, na mordaça dos acampanados, confundindo e bestializando mentes...gerando indiferenças.
escrito e registrado em fev. de 2011