Epílogo
Epílogo
Delasnieve Daspet
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Uma brisa amaina as horas do sol
que deixa tudo na cor bronze.
Os olhos secos e poeirentos
com força e vigor brilham na face
vincada pelo tempo.
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Tempo inclemente,
dia a dia esconde o semblante.
E nos rostos dos passantes procuro uma imagem,
perdida, vaga, farsante,
mas ainda em minha mente.
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Lembranças que se esvaem no negrume do vácuo
do silêncio que ameniza as verdades...
Nesta vida tudo é questão de tempo,
nos diferentes tons de branco-saudade.
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Escrevo meu epílogo.
Jogo fora os " eus " que carrego.
Sou tantas e são tantos os meus " eus “
que já não os quero, nem recordo.
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Eu no espelho vejo
eu-viva,
eu-morta,
eu-anônima,
eu-passado;
eu-paixão;
eu-grotesca;
eu-funesta;
eu-arrogante;
eu-errante;
eu-passante, cega, pedinte...
Nenhum eu especial....
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Todos a deriva, meus e pequenos " eus"
presentes e presos no meu grito,
escancarados, esparramados, encurralados " eus ",
eu-sem-saída, trágico epílogo,
eu-sem-final...
DD_Delasnieve Daspet - Campo Grande MS - 24-10-03 - 15,30 hs
Poesias-->Epílogo. -- 25/10/2003 - 01:34 (Delasnieve Daspet)
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