ODE À RAZÃO
Ó senhora dos homens matrona,
que não cedes à pueril façanha
de, sob palavras doces, trairdes
dos sonhadores, os sonhos
Que, no auspício frondoso cerimonial,
cobiçada por doutos e galardões senhores,
rogo-te, senhora diva igualada à Athenas,
não cedes aos encantos hárpicos tocados
Jaz sobre a terra por heróis caminhada,
o cântaro e a cânfora outrora reclamadas,
porém, senhora, se na manhã plúmbea
o sol não brilhar e a lua não nascer,
rote-te, senhora,
não traias e nem enxovalhas
a nevoa destinada; ela indica cuidados necessários
Foi-se o tempo
e fica-se o tempo
nessa roda que ninguém domina,
todavia, senhora,
mesmo que a chuva alague ruas e avenidas,
e o flagelo habite casas e inteiras famílias,
rogo-tem, senhora,
não maldigas o tempo
e nem plantes intrigas, rogo-te, senhora
Que o ventre receba a fértil semente,
e o jardim novas flores,
o pomar macieiras
e o rio retome seu curso
traçado pela sábia natureza
Ó senhora,
mãe de reis e seus iguais equivalentes,
não permitas, senhora,
que a tenebrosa noite,
guardiã de maus presságios,
triunfe sobre seus filhos
que labutam à terra e produzem o alimento
Ó senhora, cantada em verso e prosa,
sabes melhor que nenhum outro,
que de nada vale a terra sem o agricultor,
então, senhora,
rogo-te, não cedes ao encantos de palavras doces
E que a pueril oferenda,
que por meios escusos e interesses dúbios,
não lhe segue,
posto, senhora,
que por meras iguarias,
homens do povo traíram seus iguais,
rogo-te, senhora