pintura/Lilianreinhardt
  óleo s/tela/1994
                  (Memoriais de Sofia/Zocha)

                       (...ainda estaremos sentados naquela escadaria imensa sob o frontão grego da Faculdade, tomando o nosso sol de inverno, regelados pelo frio de nossa terra e pelos sonhos que nos trairiam???...)



                       Talvez ele (sonho) esteja ainda ao lado da bacia esmaltada e seja esmaltado também...as escadarias mal iluminadas pareciam infinitas daquela ladeira do Rosário que a infante traçava com lápiz de cor sobre a mesa de táboas de pinho,mas tão claras estavam  à frente da Praça Santos Andrade..  Ao lado da cama patente à mesa de cabeceira aquele jarro no cume da colina.  As samambaias caiam e esvoaçavam os cabelos da varanda da casa de Araruna. A menina chorava, chorava muito para nascer... depois perdendo-se no olhar fundo  dos olhos da janela daquele sótão escuro da casa de madeira de tábuas de lei do bairro do Cajurú, talvez  escutasse um pouco de seu silêncio...Nascera no quarto  embaixo, das mãos da  parteira dona Carmem e quase a mãe morrera por ela. Aquela buzina de madrugada agora  acordando-a....era ele...aquela loucura que nunca conseguiu entender.De tanto  entalhar o sonho , o escarro, em insana projeção daquele  bateu-lhe à porta, comeu e bebeu à sua mesa sob  máscara,   empoleirado como sombra nos ombros da menina,  ele apunhalou -a pelas costas,  menina o viu  usando  vestes alheias, silenciou......!!!!   .........////  ficar longe  de suas perseguições  prevalecentes e  das perseguições do mundo?!!!... Balões mascarados continuam inflados desfilando na passarela cega...Misericórdia se tenha aos  que se apropriam só de roupas alheias e procuram atalhos ...Que se abram os  olhos cegos da menina de Betsaida  à quem lhe bate a porta!!!. Os pés do professor de Introdução à Ciência do Direito a impressionavam pobre criança... sapatos lustrados cegos... os pés enganam...O  italiano lhe fixa os olhos, a voz rouca, para todos os outros colegas vende  apostilas, mas, para ela lhe traz na carteira, nunca lhe cobra....e lhe recita poemas de Castro Alves...ou de Camões..."alma minha gentil que te partiste, tão cedo desta vida descontente...repousa lá no céu eternamente ...e viva eu cá na terra sempre triste ..."....O pai escova os dentes com Kolynos, joga conchas de água no rosto, odor de pinho de sua barba rescende pela casa, o pai não gosta daquele homem que viu com Zocha ...já são seis horas e  e o expediente termina,  ela abre a porta e aquele louco amor .veio busca-la, ela pinta o jarro  e o  mira de longe...as tintas se contraem...havia um  jarro sobre a mesa e ela conversava com ele, este o velho pai o conheceu e dele gostou... ficou onde...pinceladas fortes esbatem, se esfumam, mas, o jarro se move, não se ajusta ...não há outra maneira senão  retirar-lhe toda a tinta...