Na solidão da chuva
Na madrugada fria a chuva é minha companheira.
Na solidão do meu quarto reflito a minha existência.
Passam como um filme cenas de toda uma vida.
Alegrias, tristezas e raros momentos de prazer.
A felicidade em seus raros instantes são apenas segundos.
Intensa em sua força, mas passageira em sua duração.
O vento gelado que entra pela janela me faz voltar à realidade.
Nela, os sonhos são apenas devaneios de uma mente que almeja a liberdade.
Mas essa liberdade não vem e nem é possível.
Logo o sol irá raiar e com ele as responsabilidades virão.
Intensas e sufocantes como o calor do deserto.
Então aguardarei novamente a madrugada.
Nela posso sonhar.
Viajar por um mundo só meu.
Livre e liberto dos fardos que me sufocam.
Assim, seguirei dia a dia, ano a ano.
Vivendo, amando, sofrendo e sonhando.
Sempre de madrugada, sempre em companhia da chuva.
Esta sim, amada companheira da minha solidão.