Da dor que sente a minha poesia.
Da dor que sente a minha poesia.
Deixo a poesia rápida como o colibri sair e beijar outras flores, outros poetas que buscam a rima justa e que eu não sou herdeira, a poesia que de mim brota é trabalhada, macerada nesta boca morta, que sem mais metáforas, a própria sorte imola.
Deixo que se vá, como a primavera, como a hera em uma coluna estreita no caminho é que se faz inteira. Eu não mais a quero.
Minha poesia de sorriso a cariar, de gosto de nicotina e bafo de bardo que se embebeda de malte vagabundo. Já não sou poeta, sou uma criminosa que te mata, de variadas formas, hediondas, tortas e arrependidas.
Sou víbora que traiçoeira mata, pouco à pouco apaga as páginas vividas.
Não sou digna da poesia. Faço dela prisão de minhas queixas. E não há maior pecado que matar em versos, amor tão verdadeiro.
A poesia que já não me atende aos súplices gemidos e não me devolve auroras perdidas, e o amor se cala, a alma se amofina...minha poesia chora, a falta da menina e só sabe agora do desamor o gosto, da parca fé que exala em mágoas tão mesquinhas.
Sepulcro ornamentado de raios solares, de arrebol, de linhos já não mais existe, minha poesia é mármore que sob a sombra do poeta que amou um dia apenas agoniza.