Da dor que sente a minha poesia.

Da dor que sente a minha poesia.

Deixo a poesia rápida como o colibri sair e beijar outras flores, outros poetas que buscam a rima justa e que eu não sou herdeira, a poesia que de mim brota é trabalhada, macerada nesta boca morta, que sem mais metáforas, a própria sorte imola.

Deixo que se vá, como a primavera, como a hera em uma coluna estreita no caminho é que se faz inteira. Eu não mais a quero.

Minha poesia de sorriso a cariar, de gosto de nicotina e bafo de bardo que se embebeda de malte vagabundo. Já não sou poeta, sou uma criminosa que te mata, de variadas formas, hediondas, tortas e arrependidas.

Sou víbora que traiçoeira mata, pouco à pouco apaga as páginas vividas.

Não sou digna da poesia. Faço dela prisão de minhas queixas. E não há maior pecado que matar em versos, amor tão verdadeiro.

A poesia que já não me atende aos súplices gemidos e não me devolve auroras perdidas, e o amor se cala, a alma se amofina...minha poesia chora, a falta da menina e só sabe agora do desamor o gosto, da parca fé que exala em mágoas tão mesquinhas.

Sepulcro ornamentado de raios solares, de arrebol, de linhos já não mais existe, minha poesia é mármore que sob a sombra do poeta que amou um dia apenas agoniza.

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 13/07/2012
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