O SOL QUE RESISTE
Não me falem com pessimismo, o mundo vai se acabar..., reage a floresta, e muito do que resta, nos meus sonhos, certamente, posso atestar. Tem musica que voa longe, poesia que corre o sertão, tem medo, tem fome, um deserto no coração. Resta pouca amizade, entre o couro que protege e os espinhos arruaceiros, tem pouca água no poço e pouco ouço, namoros domingueiros. Daí ser entreguista? Dizer do mundo o mal que existe? Em tudo e todos, tem o homem que persiste, a fruta que nasce do sol, do calor da oração, da canção poesia da terra, do amor que não sabe dizer não. Não me venham com choro de final de noite, do enterro do compadre nem da vaca que não pari. já se foi a ordem do açoite, hoje corre livre o espírito da lua, essa fonte infindável de esperança, corre a berço quase nua. Na mesa e na dança no desacerto do pai criança, da mãe que brinca de boneca, dos currais que acerta o voto, essa incomensurável e paradoxal história de vida do circo e muita lida. Eita mundão de Deus, dos santos de toda sorte, seja eu fraco insosso e ateu, ou de muita fé, de punho forte Somos todos senhores e filhos da terra, nossa mãe que nos espera, há de ter um dia uma luz que irradia uma montanha de sorte, de toda sorte, mesmo que me venha, e a ti, com toda licença, porque nela, dona morte, não me faz passado, meu rosto a ser lembrado, somente alguns versos soltos, algumas poucas poesias, já me seriam herança, dessa pouca crença, menos fé ainda, ainda que me faça do sonho, o que me resta em esperança.