Tarde de maio
Era uma linda tarde de maio. Céu azul. Todo azul. Nenhuma nuvem, nenhum sinal da terrível frente fria que havia nos surpreendido no último fim de semana. O sol brilhava com muita intensidade, talvez para compensar os dias em que não apareceu.
De minha varanda, observava os cavalos pastando tranquilamente no morro coberto de grama verde de outono. Eram muitos: brancos, marrons, malhados. Lindos cavalos! De onde eu estava, podia contemplar o cenário de linda paisagem, pensando em como a vida é bela, a minha e de todas as criaturas. Além dos cavalos, também podia ver no fundo do meu quintal, a enorme quantidade de pássaros invadindo os galhos das árvores num bater de asas eletrizante e borboletas coloridas à procura de néctar nas flores da vegetação que encobre a cerca. Ao meu lado a pequena Shana, minha cadela de estimação, estirada de preguiça no pedacinho de chão que ainda recebia a luz do sol. Minha querida cachorrinha, como sempre, me fazendo companhia, sem cobrar nada em troca de sua fidelidade, apenas carinho.
Eu, que sempre fui urbana, que sempre gostei de movimento, de barulho de gente, estava ali, naquele momento, envolvida com o silêncio e com as manifestações da vida animal, sentindo um aconchego, uma paz, que há muito tempo não experimentava. E pensava: “Como é bom estar viva! Como é bom poder dividir o mundo com seres tão diferentes: bichos, plantas, almas invisíveis!”. Porque conviver com gente é bom, mas, às vezes, é muito difícil. Gente magoa, gente sempre quer algo em troca, gente decepciona, gente abandona, gente muitas vezes não entende a gente.
Da cozinha vinha um cheiro bom de broa assando no forno, preparada por mim mesma para o café da tarde. Do rádio vinha a voz suave de Paula Toller cantando: “...qual é o segredo da felicidade? Será que é preciso ficar só pra se viver?...”. Eu, cantando junto, e me fazendo a mesma pergunta da letra da música: Qual é o segredo da felicidade? Talvez felicidade seja o que eu estava sentindo naquele momento: paz. Sim, eu estava sentindo uma paz imensa. Lembrei-me de agradecer a Deus por estar vivendo tudo aquilo, de estar vendo, ouvindo, pensando, sentindo. E, o melhor, me sentindo. Muitas vezes, por inúmeras razões, a gente não se sente. A vida leva a gente de um lado para outro, são tantas preocupações, são tantas obrigações, são tantas coisas a fazer que a gente não tem tempo de se perceber, de se sentir. A música dizia “será preciso ficar só pra se viver?”, sim, é preciso ficar só, pelo menos de vez em quando, para se ver melhor. É preciso ter contato com a natureza, com os animais, com a simplicidade, com o silêncio. Olhar o céu, sentir a brisa da tarde, ver o balançar das folhas das árvores, observar a leveza do vôo de um pássaro, admirar a serenidade de um cavalo em seu pasto.
Naquela tarde pensei muito em como tinham sido meus dois últimos anos. Foram anos difíceis, muito difíceis. Foram tempos de angústia e de sofrimento, mas também de superação.
Naquela tarde de maio, conclui que tudo o que a vida nos apresenta é para ser vivido intensamente porque cada momento é único e irrepetível: os momentos de dor, os de alegria, os de aflição e os de tranquilidade.
Durante aqueles minutos, revi algumas cenas da minha vida e constatei que a memória de bons momentos é também uma boa companheira e que, se não podemos repeti-los, podemos recordá-los, e mesmo que estejam distantes lá no passado, ainda podem nos fazer sorrir.
Que a vida ainda me permita usufruir de momentos tão intensos comigo mesma como tive naquela tarde de maio.
De minha varanda, observava os cavalos pastando tranquilamente no morro coberto de grama verde de outono. Eram muitos: brancos, marrons, malhados. Lindos cavalos! De onde eu estava, podia contemplar o cenário de linda paisagem, pensando em como a vida é bela, a minha e de todas as criaturas. Além dos cavalos, também podia ver no fundo do meu quintal, a enorme quantidade de pássaros invadindo os galhos das árvores num bater de asas eletrizante e borboletas coloridas à procura de néctar nas flores da vegetação que encobre a cerca. Ao meu lado a pequena Shana, minha cadela de estimação, estirada de preguiça no pedacinho de chão que ainda recebia a luz do sol. Minha querida cachorrinha, como sempre, me fazendo companhia, sem cobrar nada em troca de sua fidelidade, apenas carinho.
Eu, que sempre fui urbana, que sempre gostei de movimento, de barulho de gente, estava ali, naquele momento, envolvida com o silêncio e com as manifestações da vida animal, sentindo um aconchego, uma paz, que há muito tempo não experimentava. E pensava: “Como é bom estar viva! Como é bom poder dividir o mundo com seres tão diferentes: bichos, plantas, almas invisíveis!”. Porque conviver com gente é bom, mas, às vezes, é muito difícil. Gente magoa, gente sempre quer algo em troca, gente decepciona, gente abandona, gente muitas vezes não entende a gente.
Da cozinha vinha um cheiro bom de broa assando no forno, preparada por mim mesma para o café da tarde. Do rádio vinha a voz suave de Paula Toller cantando: “...qual é o segredo da felicidade? Será que é preciso ficar só pra se viver?...”. Eu, cantando junto, e me fazendo a mesma pergunta da letra da música: Qual é o segredo da felicidade? Talvez felicidade seja o que eu estava sentindo naquele momento: paz. Sim, eu estava sentindo uma paz imensa. Lembrei-me de agradecer a Deus por estar vivendo tudo aquilo, de estar vendo, ouvindo, pensando, sentindo. E, o melhor, me sentindo. Muitas vezes, por inúmeras razões, a gente não se sente. A vida leva a gente de um lado para outro, são tantas preocupações, são tantas obrigações, são tantas coisas a fazer que a gente não tem tempo de se perceber, de se sentir. A música dizia “será preciso ficar só pra se viver?”, sim, é preciso ficar só, pelo menos de vez em quando, para se ver melhor. É preciso ter contato com a natureza, com os animais, com a simplicidade, com o silêncio. Olhar o céu, sentir a brisa da tarde, ver o balançar das folhas das árvores, observar a leveza do vôo de um pássaro, admirar a serenidade de um cavalo em seu pasto.
Naquela tarde pensei muito em como tinham sido meus dois últimos anos. Foram anos difíceis, muito difíceis. Foram tempos de angústia e de sofrimento, mas também de superação.
Naquela tarde de maio, conclui que tudo o que a vida nos apresenta é para ser vivido intensamente porque cada momento é único e irrepetível: os momentos de dor, os de alegria, os de aflição e os de tranquilidade.
Durante aqueles minutos, revi algumas cenas da minha vida e constatei que a memória de bons momentos é também uma boa companheira e que, se não podemos repeti-los, podemos recordá-los, e mesmo que estejam distantes lá no passado, ainda podem nos fazer sorrir.
Que a vida ainda me permita usufruir de momentos tão intensos comigo mesma como tive naquela tarde de maio.