BORBOLETA


Tinha alma de borboleta. Alma que se transformava todos os dias.
Por vezes, lembrança acompanhada de saudade, lhe provocava o choro fácil, e nessa hora, entrava em seu casulo, e o costurava com as linhas de sua história. Em cada ponto uma reminiscência. Nessa hora o silêncio era seu tudo.
Havia dia, que a esperança a preenchia, aí ganhava asas, e como uma libélula leve e solta, voava. Fazia pouso em cada flor que encontrava. 
Sua essência tinha a cor do ocaso rosado, que se deita sobre as águas de um rio.
Era sonhadora inata, trouxera esse hábito de eras remotas.
Mesmo em dias de casulo, ao coser cada ponto de suas dores, nunca esquecia de usar as cores do poente. Sabia ela, que com esses matizes, mesmo a tristeza mais lancinante, como por encanto, se transformava em preciosa lição.
Pouco a pouco aprendia, que não tinha importância ser casulo ou borboleta, pois, estivesse do jeito que fosse, sempre haveria uma flor e um poente para aconchegá-la.



(Foto da autora- Williamsburg)

Lenapena
Enviado por Lenapena em 09/07/2012
Reeditado em 09/07/2012
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