Nos braços da eternidade

Ao assistir a seu velório, vejo-o tranquilo, nem parece morto, mas adormecido. A eternidade veio e o acolheu em seus braços. Pessoas vêm, choram e falam de sua grandiosidade em vida, mas você não precisa do que nós temos para lhe oferecer. Espero que a sua partida tenha sido serena, sem muitas dores,pois o câncer sempre nos provoca dores atrozes, que podem ser insuportáveis. Que você tenha partido sem arrependimentos e em paz com sua consciência. Ao se referirem a você, falam : "o corpo", como se você já não fosse você. Bem, de certa forma, o corpo não é mais você, pois não tem a sua inteligência nem o seu brilhantismo. Sua alma não está mais aí, animando esse corpo, dando-nos alegria com sua personalidade carismática e afável. Embora você não precise das nossas demonstrações de condolência, nós a oferecemos como sinal de nosso apreço pela pessoa que você foi. Vi-o vivo apenas uma vez, mas nunca esqueci da sua simplicidade, da sua fala amável e da sua extrema simpatia. A sua partida nos dói, é verdade, porque nós nos acostumamos com a presença dos que amamos e costumamos esquecer que nada é eterno, que a vida é tão frágil quanto uma bolha de sabão, que se esvai ao vento. Mas a lembrança da pessoa que nos deu tanto perdurará e ficará como lição para quem quiser aprender com sua nobreza, sua capacidade e seu talento.

A Ronaldo Cunha Lima