Sem explicação...
Algumas coisas a vida não explica, e se explica não dou ouvido às respostas, deixo a ferida exposta como uma rosa que se admira... é tão bom chorar.
É tão bom lembrar do mar no dia em que quase me afoguei e sem saber comecei a nadar.
O meu corpo já foi moreno de acender o branco no dente... quando namorei o sol conheci meu lado explosivo, depois vi a lua, me vesti de fases e me tornei mulher.
Bom mesmo é chorar caminhando distraída olhando as vitrines, pisando nas horas que correm rente ao chão... é num reflexo enviesado onde me vejo mais bonita, coloco a mão no peito e sinto as batidas do coração.
Nos meus sopros de indecisão, enquanto envelheço frente ao espelho, eu repito: “só a mulher entre as coisas envelhece”... e deixo meu cabelo crescer só prá depois prender, criar embaraço prá depois desatar os nós com os meus dedos.
Quando entristeço acho graça e bebo água do filtro em pleno verão... eu bebo contradição... e o que ontem sangrou entre as pernas, hoje sangra na pele... coisa divina naquilo que não se ensina, acontece... a vida é um sortilégio e o mistério não finda.
Quando as borboletas pousam em meus ombros, eu sinto cócegas na palma da mão, esfrego os olhos e choro... sem nenhuma explicação.
***
( “só a mulher entre as coisas envelhece”... Adélia Prado )
Algumas coisas a vida não explica, e se explica não dou ouvido às respostas, deixo a ferida exposta como uma rosa que se admira... é tão bom chorar.
É tão bom lembrar do mar no dia em que quase me afoguei e sem saber comecei a nadar.
O meu corpo já foi moreno de acender o branco no dente... quando namorei o sol conheci meu lado explosivo, depois vi a lua, me vesti de fases e me tornei mulher.
Bom mesmo é chorar caminhando distraída olhando as vitrines, pisando nas horas que correm rente ao chão... é num reflexo enviesado onde me vejo mais bonita, coloco a mão no peito e sinto as batidas do coração.
Nos meus sopros de indecisão, enquanto envelheço frente ao espelho, eu repito: “só a mulher entre as coisas envelhece”... e deixo meu cabelo crescer só prá depois prender, criar embaraço prá depois desatar os nós com os meus dedos.
Quando entristeço acho graça e bebo água do filtro em pleno verão... eu bebo contradição... e o que ontem sangrou entre as pernas, hoje sangra na pele... coisa divina naquilo que não se ensina, acontece... a vida é um sortilégio e o mistério não finda.
Quando as borboletas pousam em meus ombros, eu sinto cócegas na palma da mão, esfrego os olhos e choro... sem nenhuma explicação.
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( “só a mulher entre as coisas envelhece”... Adélia Prado )