O TEMPO E O AMOR.
Por Carlos Sena.


 
Só conheço duas COISAS que o homem talvez nunca domine: "o tempo e o amor". 

O tempo pela sua complexidade plural que se traduz na singularidade das horas, dos minutos dos segundos. O amor pela sua intersubjetividade singular que se traduz na dimensão plural.

O tempo e o amor têm essas proezas que se definem pela capacidade de serem tudo para todos; de não se permitirem às definições, às  estruturas de pensamentos que busquem, ao mesmo tempo, definir seus princípios e fins. 

O amor e o tempo não servem a todos os princípios, porque nós, humanos não temos a noção exata dos seus fins. Cada ser tem dentro de si um tempo particular - este é o que podemos chamar de tempo social. Assim são porque carregam DENTRO DE SI um amor ideal; por FORA DE SI porque nem sempre traduz seu amor que reside lá dentro, internalizado.

Talvez possamos entender o amor e o tempo nesses dois tempos: 
o de dentro e o de fora. Mesmo assim, os princípios que nós, humanos, geralmente buscamos ficam sem força conceitual rumo a perenização ou à eternidade dos sentimentos que só o tempo define.

Nós geralmente queremos um amor sobre o qual tenhamos total domínio. É assim que nossa sociedade, equivocadamente,  nos "ensina": desta forma, um grande amor nos proporcionaria segurança, carinho, velhice acompanhada, futuro garantido e morte certa. Contrapor-se a isto implica no domínio do tempo e do  amor, talvez pela esperança de que se descubram o elixir da eterna juventude... Se assim fosse, a gente se eternizaria na vida!

Como se vê essa é uma conjugação complexa que jamais o homem repousará sobre ela com exatidão. Afinal, os humanos sempre buscam colocar nos sentimentos uma ponte de realidade com base nas suas vivências. Nesse viés, converter o amor em seu domínio racional talvez seja uma árdua e inglória tarefa. Quanto ao tempo, nem a isto ele se permite, posto que subverte nossa lógica de espaços interiores e nos diz, marcando nosso rosto com rugas, nossa cabeça com cabelos brancos, nossos passos com lentidão, nossa vista com encurtamento: “tirem o cavalinho da chuva”! Amem sem buscar racionalizar, porque há coisas da razão e outras que são do sentimento. Porque não há sentimento sem mistério e todo mistério tem na indefinição do tempo seu desespero..